Robôs Alados


 Eles já mataram mais de 2 mil terroristas — mas, agora, há “drones” de paz. Confiram



DRONE PORTÁTIL -- O Parrot AR, vendido pela internet, é comandado pelo celular. Só lhe falta um piloto automático

Matéria de Nathalia Watkins, publicada na edição impressa de VEJA

OS DRONES DA PAZ

Desenvolvidos para uso militar, os aviões não tripulados já são utilizados para mapear fazendas e identificar falhas em usinas nucleares. Por 600 reais, dá para ter um em casa

Drones são objetos voadores autônomos, capazes de se deslocar de um ponto a outro e de realizar tarefas no ar sem que ninguém precise pilotá-los, ainda que de longe. São, portanto, robôs alados.


Nos últimos dez anos, esses pequenos aparelhos com formatos estranhos povoaram o céu de países conflagrados, fotografando e coletando informações ou fazendo ataques aéreos em lugares perigosos demais para aviões ou helicópteros comuns.

Mais de 2.000 terroristas já morreram em bombardeios feitos por drones americanos em países como Paquistão, Iêmen e Somália. Como ocorre frequentemente com tecnologias criadas para uso militar, os drones deixaram de ser apenas ferramentas letais ou de espionagem.




PULA-PULA -- O Bounce Imaging faz no chão o que os drones fazem no ar: fotografar em lugares inalcançáveis

Já há alguns sendo usados na detecção de pragas nas lavouras, na perseguição de fugitivos da polícia, no controle de fronteiras e no monitoramento de usinas nucleares ou de turbinas eólicas. A indústria cinematográfica utiliza os drones para fazer filmagens aéreas, com a vantagem de eles serem mais baratos que aeronaves tripuladas e conseguirem entrar em espaços menores.


É possível, por exemplo, fazer uma cena contínua que começa no quintal de uma casa e termina no terraço do 20° andar de um prédio sem precisar recorrer a efeitos especiais.

A polícia já usou um drone produzido no Brasil, o Escorpion, para fazer a vigilância de favelas. Fabricado pela SkyDrones, de Porto Alegre, o aparelho cabe na mochila de um policial, tem autonomia de voo de trinta minutos e custa 35000 reais. Em comparação, um helicóptero que poderia ser usado para realizar a mesma missão de vigilância aérea custa no mínimo 3 milhões de reais.

A empresa AGX, de São Carlos, no Estado de São Paulo, vende duas unidades por mês do Arara, um drone com preço inicial de 180.000 reais que monitora e mapeia fazendas e reservas naturais.

Já consagrados na área militar e com aplicações comerciais cada vez mais promissoras, os drones ainda estão em fase experimental no uso doméstico. O que não falta é gente “experimentando”: estima-se que só nos Estados Unidos sejam postos no ar 1.000 novos drones pessoais por mês.

Alguns, como o Parrot AR, à venda na loja virtual Amazon por cerca de 600 reais, só podem ser considerados verdadeiros drones se conectados a um dispositivo – vendido à parte – que funciona como um piloto automático. Outros são mais completos e fazem tudo o que um drone militar faz, menos explodir terroristas.

O que diferencia os drones pessoais dos aeromodelos, os aviõezinhos não tripulados construídos e pilotados por hobby, é que os primeiros, além de ser capazes de fazer voos pré-programados, têm a aparência totalmente subordinada à sua função. Por isso os drones têm formatos tão exóticos.




PRIMOS -- O design dos drones, como o Arara, não tenta imitar o dos aviões normais, como fazem os aeromodelos

Alguns parecem aranhas, arraias ou polvos. Outros são esféricos. Como não possuem arestas, podem entrar e sair de ambientes pequenos, como cavernas ou casas, sem ficar presos a obstáculos.

Os drones pessoais se beneficiam dos mesmos avanços tecnológicos existentes nos smartphones, dos microprocessadores menores e mais eficientes às câmeras diminutas e com boa resolução, passando pelos acelerômetros (sensores de movimento) e pelo GPS.

Na maioria dos drones domésticos, a rota a ser percorrida é controlada por meio dessa tecnologia de localização por satélite. Já no Parrot AR, a comunicação entre o aparelho e o “piloto” em terra é feita via internet sem fio, e os comandos estão todos na tela de um celular.

Por enquanto, ninguém sabe muito bem que utilidade doméstica um drone pode ter. Espionar a vizinha na piscina é uma opção a ser descartada, pois configura invasão de privacidade.

A possibilidade de ver sem estar presente ou sem ser visto também é o conceito que levou um aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, a criar o Bounce Imaging, uma esfera do tamanho de uma bola de tênis que, atirada dentro de um apartamento, por exemplo, captura imagens panorâmicas e coleta informações do ambiente, como a temperatura e os níveis de oxigênio.



BOLA VOADORA -- O drone esférico feito no Japão pode entrar em edifícios danificados para salvar pessoas soterradas

O Bounce Imaging pode ajudar no trabalho de bombeiros e policiais, mas, como os drones, não parece muito útil no dia a dia. O mesmo se pensava, porém, dos primeiros computadores, cujas funções eram muito limitadas. No futuro, quem sabe, os drones poderão até substituir os motoboys, entregando pizzas e levando documentos a cartórios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Copyright © Mechatronics & Robotics |
Design by Mechatronicrobotics | Tecnologia do Blogger
    YouTube Google + Facebook